terça-feira, 20 de março de 2012

"desmedida"

"Eu tenho aquela mente de quem age uma, duas vezes para só depois filtrar o ocorrido e repassar as falas das repetidas cenas que poderiam ter ocorrido, mas, me faltou inteligência no calor do momento. Nunca deixei de admitir a minha espontaneidade, por vezes, dificultosa de ser compreendida. Possuidora de uma cara que passa, naturalmente, brabeza e a voz alta de quem quer falar, mas acaba resultando num quase grito ordenoso, quando descuido os modos e esqueço a delicadeza sei que é fácil perceber o quanto às vezes me falta um pouco de noção.

A menina que não sabia brincar. Desde pequena, sempre procurei responder à altura. Uma pena que extrapolasse qualquer limite suportável e conseguisse atingir em cheio pontos fracos, egos imensos ou a farsa forçada daqueles que ficam na eterna dúvida de que personalidade vestir para cada ocasião e pessoas. Nem sempre fiz da sutileza minha melhor amiga, e do bom senso, um truque de mágica: é que preciso às vezes ser brutal porque não aguento por muito tempo viver sem algum tipo de transparência. Se é ódio a sensação da vez, é complicado me frear a ponto de que alguma patada não escape. Desprezo e o eterno olhar de soslaio, quase de olhos revirados. Ter opinião pra tudo, algumas vezes minha salvação, me jogou de vez em quando pro fundo de um poço próprio que não sabe calar a boca ou escolher os segundos exatos onde deve entrar a legenda – falar o impróprio em hora mais errada ainda é o tiro da culatra que volta e, quase sempre, atinge em cheio a mim mesma.

Enrubeço de uma raiva cega para, uma praticamente meia hora depois querer morrer em meio aos remédios, tamanho o remorso de ser assim tão momentânea. Ter mantido o contrato vigente com essa versão borrada de mim mesma que faz chorar mais tarde por agir conforme essa transgressão interna e confusa que me faz parecer louca e grosseira quando na verdade é pura autenticidade disfarçada. Acho um saco que me obriguem a aceitar gente que não desce, situações por pura educação ou qualquer outra babaquice que vá contra a minha linha de pensamento – tão modificada, tão contestada, mas agora por mim aceita e ponto final. Chamem Joselita, chamem de chutadora oficial de baldes, onça quando no cio ou super sincera: de fábrica e com esse defeito que dá pane quando bem entende, surta quando decide e volta ao normal instantaneamente, em questão de segundos. Noção pra que mesmo quando se tem personalidade?"